terça-feira, 5 de maio de 2015

Ruínas

"Há duas espécies de ruínas: uma é o trabalho do tempo, outra o dos homens. "
François Chateubriand


Coletânea de fotos de ruínas e locais abandonados, testemunhos da força do tempo. Assim como as pessoas, também as coisas caminham para seus destinos.

Grupo Katuape - próx. ao Rio Jundiaí
"Se é sempre Outono o rir das Primaveras, 
Castelos, um a um, deixa-os cair... 
Que a vida é um constante derruir 
De palácios do Reino das Quimeras! 

E deixa sobre as ruínas crescer heras, 
Deixa-as beijar as pedras e florir! 
Que a vida é um contínuo destruir 
De palácios do Reino das Quimeras! 

Deixa tombar meus rútilos castelos! 
Tenho ainda mais sonhos para erguê-los 
Mais alto do que as águias pelo ar! 

Sonhos que tombam! Derrocada louca! 
São como os beijos duma linda boca! 
Sonhos!... Deixa-os tombar... Deixa-os tombar. "
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade" 

Construção em adobe, trilha do fantasma

Mais uma da trilha do fantasma
" Cobrem plantas sem flor crestados muros; 
Range a porta anciã; o chão de pedra 
Gemer parece aos pés do inquieto vate. 
Ruína é tudo: a casa, a escada, o horto, 
Sítios caros da infância. 
Austera moça 
Junto ao velho portão o vate aguarda; 
      Pendem-lhe as tranças soltas 
     Por sobre as roxas vestes. 
Risos não tem, e em seu magoado gesto 
Transluz não sei que dor oculta aos olhos; 
— Dor que à face não vem, — medrosa e casta, 
Íntima e funda; — e dos cerrados cílios 
Se uma discreta muda 
Lágrima cai, não murcha a flor do rosto; 
Melancolia tácita e serena, 
Que os ecos não acorda em seus queixumes, 
Respira aquele rosto. A mão lhe estende 
O abatido poeta. Ei-los percorrem 
Com tardo passo os relembrados sítios, 
Ermos depois que a mão da fria morte 
Tantas almas colhera. Desmaiavam, 
Nos serros do poente, 
As rosas do crepúsculo. 
“Quem és? pergunta o vate; o sol que foge 
No teu lânguido olhar um raio deixa; 
— Raio quebrado e frio; — o vento agita 
Tímido e frouxo as tuas longas tranças. 
Conhecem-te estas pedras; das ruínas 
Alma errante pareces condenada 
A contemplar teus insepultos ossos. 
Conhecem-te estas árvores. E eu mesmo 
Sinto não sei que vaga e amortecida 
Lembrança de teu rosto.” 
Desceu de todo a noite, 
Pelo espaço arrastando o manto escuro 
Que a loura Vésper nos seus ombros castos, 
Como um diamante, prende. Longas horas 
Silenciosas correram. No outro dia, 
Quando as vermelhas rosas do oriente 
Ao já próximo sol a estrada ornavam 
Das ruínas saíam lentamente 
Duas pálidas sombras: 
O poeta e a saudade." 
Machado de Assis

A natureza retoma seu espaço - I

A natureza retoma seu espaço - II



Nenhum comentário:

Postar um comentário